quarta-feira, 26 de julho de 2017

DENER PAMPLONA DE ABREU - A VIDA É UMA FESTA

Foi já no longínquo ano de 1957 que Dener Pamplona de Abreu (1936-1978) abriu sua primeira butique na praça da República, no centro de São Paulo. Era nessa região que fervia a "jeunesse dorée" que seria sua futura clientela. Chacoalhavam os esqueletos até o amanhecer em "inferninhos de luxo": o Oásis inaugurado em 1947 e o Arpége. As frequentadoras envergavam modelos exclusivos de Dior e Fath. E os rapazes em ternos sob medida de casemira inglesa. Todos moradores de bairros como Pacaembu e Jardim Europa. Endirenhados tomavam champanhe francês Veuve Clicquot e marron glacé do Fouchoun, de Paris. A clientela era mais que aassídua: Maysa (amiga e cliente) e seu então marido, André Matarazzo (membro de uma das famílias mais ricas da América do Sul) e Bia Coutinho (futura madrinha de casamento de Dener).
Dener havia trabalhado na lendária Casa Canadá, Rio de Janeiro. Foi ali que Dener entrou em contato com a Alta-Costura francesa (rara, cara e individualista) que a Casa Canadá importava. Entre o casting de modelos Ilka Soares, Norma Bengell e Danuza Leão que sugeriu a Dener que fosse trabalhar com Ruth Siveira. Dener deixava a experiencia na Casa Canadá. Virava-se a primeira página na biografia de Dener.
Ruth Silveira viaja constatemente para São Paulo e Dener a acompanha. Dener vislumbra para si um lugar de destaque na cidade que cairá a seus pés pouco tempo depois. Retorna ao Rio e faz sua primeira viagem à Europa em 1956. A moda celebra o tailluer Chanel (reproduzido aos milhões mundo afora), Dior, Pierre Balmain e o grande Balenciaga (com quem Dener mais se identificava). Um ano após a abertura da primeira boutique, Dener participa do festival moda Matarazzo-Boussac ganhando o premio Agulha de Ouro e Agulha de Platina. Abre em 1960 sua maison de couture em novo endereço: av. Paulista, 810.
O momento glorioso nesse inicio da década de 60 é que Dener passa a desfilar suas criações com nomes já consagrados da moda como Givenchy e Cardin para coleção Brazilian Nature da francesa Rhodia que se instalava no Brasil.
A revista Manchete (1961-62) publica pela primeira vez as criações de Dener na Bienal de Arte/SP. Dener chega a grande midia que irá torná-lo um mito da moda brasileira. Através da imprensa nasce a versão "pop couture" de Dener, com sucesso absoluto.